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Nas malhas da consciência: Igreja e Inquisição no Brasil


de Bruno Feitler
Co-edição Phoebus/ Alameda 2007
292 pp. R$ 38,00
ISBN 978-85-98325-47-7

Este é um livro que se destaca, em nossa historiografia, pela sua originalidade. Originalidade temática, documental e, sobretudo, na concepção do objeto. Pois se é verdade que as pesquisas sobre a história inquisitorial no Brasil cresceram muito nas últimas décadas, em número e qualidade, poucos têm focalizado os aspectos propriamente institucionais e políticos da ação inquisitorial.
De modo geral, têm prevalecido estudos sobre os hereges perseguidos pela Inquisição, em especial sobre os cristãos-novos, sempre suspeitos de judaizar, mas também sobre as feiticeiras, sodomitas, solicitantes, fornicários, blasfemos. Uma plêiade de desviantes, cujas heresias eram temperados pelas mesclas culturais típicas do “viver em colônias”.
A abordagem de Feitler é diferente. Desloca o foco para a própria máquina inquisitorial, priorizando Pernambuco como cenário. O livro expõe, em detalhe, os instrumentos de atuação do Santo Ofício na capitania desde o século XVI ao XVIII, o que permite ao leitor acompanhar o crescente adensamento deste sistema de vigilância das consciências. Apresenta, igualmente, a formação dos quadros, a rede de familiares e comissários que tornou possível a ação do Santo Ofício em terra tão avessa à ortodoxia católica. Desvenda a estreita conexão entre ação inquisitorial e justiça eclesiástica, sublinhando o papel decisivo do episcopado no rastreamento das heresias.
O leitor que presume ter a ação inquisitorial em Pernambuco se limitado à visitação quinhentista, vai se deparar com um sistema muito mais complexo, quer do ponto de vista jurídico-administrativo, quer do ponto de vista político.
Trata-se de um livro de história institucional que, no entanto, se desdobra em historia social e política. Basta citar, como exemplo, o enfrentamento da questão sobre o não estabelecimento, no Brasil, de um tribunal do Santo Ofício, embora a máquina montada na colônia tenha dado conta do recado.
Bruno Feitler nos mostra como e por que isto se deu, ancorado em farta pesquisa arquivística e bibliografia impecável. De modo que este livro cumpre o que mais se pode desejar de uma pesquisa histórica. Ele traz muitas novidades, e o faz com consistência, erudição e elegância.

Ronaldo Vainfas
Professor Titular de História Moderna
Universidade Federal Fluminense

Distribuição das Malhas da Consciência: www.alamedaeditorial.com.br
À venda nas livrarias

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